sexta-feira, 23 de abril de 2010

trancado, calado e com saudades


Saudades do meu pai e da minha mãe. Saudades. Palavra que usada só na língua portuguesa e de difícil explicação cética. É mais do que sentir falta. Tem um sentido mais poético e espiritual. Temos esse sentimento vez que outra. Senti saudades de falar com meus pais. De dar explicações sobre o andar da minha vida, de pedir conselhos, de dar conselhos, de ouvir histórias. Sempre tem aquele momento de "deveria ter dito isso", "deveria ter feito isso". Agora já é tarde. Eles se foram. Mas a herança sanguínea que deixaram para os filhos faz parte da vida. Quanto mais se envelhece, mais se sente as semelhanças que existem entre parentes. As feições, os gestos , o caminhar me fazem lembrar deles. Eu levo minha vida completamente diferente da que eles tiveram, mas mesmo assim existem semelhanças em atitudes. Meu pai sempre foi muito trancado na hora de expressar sentimentos. eu só vi ele chorando na morte de meus tios. Mas sei que era muito sensível. Guardou sempre no peito. Hoje talvez a gente conseguisse chorar um no ombro do outro. Sou meio assim também. Calado e observador. Agora descobri essa ferramenta e tenho me sentido aliviado expelindo palavras. Minha mãe iria gostar. Choraria com certeza. isso é a vida!

3 comentários:

  1. Imagino como deve ser.
    Eu me sinto solitário as vezes aqui em Maceió, um "estranho no ninho".
    Um pária, com idéias e ideais completamente estranhos ao povo alagoano.
    Minha tábua de salvação é a minha família, meus pais, minha irmã e principalmente minha esposa e filha.
    Nem sempre existe harmonia, afinal pais e família é uma coisa complicada: amor e ódio.
    Mas temos de pensar que eles não estarão para sempre conosco, daí temos de perdoar e tentar entender...
    Ter um filho foi algo que tb me mudou.
    Mudaram minhas prioridades, minha rotina, meu jeito de ser.
    Recomendo a todos, pois é algo indescritível.
    E a minha geração parece que não aceita ainda bem a idéia de ter filhos...

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  2. Acho que nossos pais viviam e morreram com a mesma sensação...de saudades dos pais deles, de vontade de conversar, se aconchegar com eles...Ser adulto não existe.

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